21.12.08

Autonomia e adesão

Leio para ver o mundo com outras lentes. Cada pensador me oferece uma lente para ver o mundo, mas acho que cada indivíduo deveria fabricar a sua. Não para rejeitar simplesmente ou para aderir por formalidade, mas para exercer o vigor que cada ser tem.
O desafio é precisamente não pensar com a cabeça alheia, se não com a própria. Não quero dizer que não é possível que pessoas pensem identicamente ou que não se possa haver adesão a algo ou alguém, mas tal ato deve ser feito através do exercício tortuoso da autonomia.
Sobre tal aspecto, Sartre nos faz uma bela explanação, a meu ver, quando trata da questão do conceito de “Grupo” em “Crítica da razão dialética”. Ou seja, como é possível que um sujeito apoderado de sua individualidade pode em alguns (ou muitos) momentos fazer adesão à algo?
Faço referência à questão simplesmente pelo incômodo que tenho quando vejo um suposto individualista rejeitar a idéia de adesão a algo, por entender que assim se perde a individualidade. E o faço também para os coletivistas que supõem que aderir é perder identidade, singularidade, independência.
A adesão que pressupõe a entrega servil e fanática, muitas vezes, é o caminho para a escravidão. Por tanto, não leio para aderir, se não que para superar, ir além (Hegel nos apresenta o conceito de Subsumir – e devo esclarecer que não sou hegeliano). Quando falo em superar sei que estou sendo muito, muito pretensioso, mas também acho que todos deveriam ser.

Obs 1: O que falei cai como uma luva para a política, aliás vamos ler a obra de Sartre acima citada.

Obs 2: Cito Hegel sem ser hegeliano para provar que as lentes apresentadas na história do pensamento são válidas e não se pode simplesmente rejeitar ou aderir a um sistema de pensamento de qualquer pensador. Por mais que gostemos de um pensador, ele não é deus e seus livros não são textos sagrados e por mais que rejeitemos um pensador, ele não é o diabo e seus livros são proibidos ( Olha “O nome da rosa” aí gente...)

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