15.9.08

Pensadores

"Diletantes, diletantes! - Assim os que exercem uma ciência ou uma arte por amor a ela, por alegria, per il loro diletto [pelo seu deleite], são chamados com desprezo por aqueles que se consagram a tais coisas com vistas ao que ganham, porque seu objetivo dileto é o dinheiro que têm a receber. Esse desdém se baseia na sua convicção desprezível de que ninguém se dedicaria seriamente a um assunto se não fosse impelido pela necessidade, pela fome ou por uma avidez semelhante. O público possui o mesmo espírito e, por conseguinte, a mesma opinião: daí provém seu respeito habitual pelas "pessoas da área" e sua desconfiança em relação aos diletantes. Na verdade, para o diletante, ao contrário, o assunto é o fim, e para o homem da área como tal, apenas um meio. No entanto, só se dedicará a um assunto com toda a seriedade alguém que esteja envolvido de modo imediato e que se ocupe dele com amor, con amore. É sempre de tais pessoas, e não dos assalariados, que vêm as grandes descobertas."

Schopenhauer

14.9.08

O poder da chatice e chatice do poder

Outro dia fiquei a saber que um sersendo não conseguiu um emprego pelo fato de que o seu entrevistador deu uma olhada no orkut do entrevistado. Descobriu que o candidato fazia parte de uma comunidade intitulada "eu odeio trabalhar".
Mais um indício de que o mundo está cada vez mais chato. Ridículo é exigir que as pessoas vivam só de sobriedade. Os idiotas de plantão exercem seu poder para tolir nos outros a fluidez que não conseguem praticar. Não bastasse viver limitadamente sem sal, fazem do seu esporte preferido a perseguição alheia. Cada exemplo de leveza dos outros surte o efeito de uma bofetada. Pura pobreza de espírito de quem não entende que a desrazão é parte integrante e fundamental da vida: a infelicidade deve rondar o seu ser.
Além do mais, trabalhar em algo que dê prazer é uma dádiva de poucos: Verdade seja dita.
Ninguém perde em gostar do ócio.